Isaque era filho de um pai famoso (Abraão) e pai de um filho famoso (Jacó). Viveu mais que qualquer outro patriarca, porém sua vida foi menos empolgante.
1) Isaque, o pai (25)
a) Uma casa ilustre (vv. 1-11): A morte de Abraão mostra o que a fé pode fazer por um homem. Ele morreu em paz (veja 15:15); morreu “ditoso” (satisfeito), e morreu em fé (Hb 11:13ss). Essa foi a herança que Abraão deixou para seu filho: seu exemplo piedoso (18:19), a tenda e o altar (veja 26:25) e a promessa maravilhosa de Deus (26:2-5). Essas bênçãos espirituais representam muito mais para um filho que os bens materiais.
b) Uma casa frustrada (vv 12-23): O cumprimento da promessa da aliança de Deus exigia que Rebeca e Isaque tivessem um filho, contudo ela foi estéril nos primeiros vinte anos do casamento deles (vv 20,26). A batalha com o filho não nascido desorientou Rebeca, portanto ela pediu sabedoria a Deus (Tg 1:5). Deus disse-lhe que nasceriam duas nações e, ao contrário do costume, a mais velha serviria à primeira. Essa é uma evidência clara da eleição soberana de Deus (Rm 9:10-16). A escolha dele não se fundamenta nas obras dos meninos, pois estes ainda não haviam nascido e, portanto, não tinham feito bem nem mal.
c) Uma casa dividida (vv. 24-34): O primeiro menino era cabeludo e chamava-se “Esaú” (Peludo); sua ligação com o ensopado vermelho rendeu-lhe o apelido de “Edom” (Edomitas), que significa “vermelho” (v.30). Jacó nasceu segurando o calcanhar de Esaú (como para apanhá-lo e derrubá-lo) por isso foi chamado de “Jacó” – o “apertador de calcanhar” (suplantador, maquinador, enganador). O esquema de Jacó para conseguir o direito de nascimento mostrou que ele duvidava do cumprimento da promessa de Deus em 25:23. “Fé é viver sem esquemas!”. Esaú escolheu a carne, não o Espírito. Não lemos nunca a respeito de Esaú ter uma tenda ou um altar e 26:34-35 indica que ele amava as mulheres mundanas. Hebreus 12:16 descreve Esaú como “profano”, o que significa “do mundo, comum” (em latim, profanus – “fora do templo”). Esaú como muitas pessoas de hoje, era um sucesso no mundo e um fracasso com Deus.
2) Isaque, o peregrino (26)
a) Ele enfrenta as tentações de seu pai (vv. 1-5): Reveja 12:10ss, quando Isaque iniciou viagem em direção ao Egito, mas Deus, em sua graça, interrompeu a jornada e parou-o.
b) Ele repetiu o pecado do pai (vv.6-11): Isaque e Rebeca adotaram essa “meia-verdade” de que eram irmãos com o mesmo resultado triste – perda da bênção, perda do testemunho e reprovação pública por um rei pagão.
c) Ele cava de novo os poços do pai (vv. 12-22): Os poços de água falam dos recursos divinos de Deus para a vida espiritual (Jo 4:1-14). Abraão cavou esses poços, mas o inimigo roubou-os e bloqueou-os. Como isso é verdade hoje! O mundo tirou de nós os poços espirituais em que nossos pais bebiam. Precisamos voltar aos poços antigos (como a oração, a Bíblia, o altar familiar, a igreja). Isaque não apenas abriu-os de novo, mas chamou-os pelos mesmos nomes que Abraão chamava (v.18).
d) Ele confiou no Deus de seu pai (vv.23-35): Isaque, contanto que estivesse longe de Canaã, teria conflito, mas quando voltou para Berseba (“o poço do juramento”), Deus encontrou-se com ele e reconciliou “com eles os seus inimigos” (Pv. 16:7).
3) Isaque, o abençoador (27)
É triste dizer que esse capítulo, no que diz respeito ao aspecto espiritual, descreve toda a família de forma ruim. Em 25:28, vimos a divisão da casa, e agora veremos os resultados pecaminosos dessa divisão carnal.
a) O pai decadente: A impaciência dele em abençoar Esaú sugere que seguia seus planos carnais, não a vontade de Deus. Ele esquecera a palavra de 25:23, ou tentava mudar os planos de Deus? Observe como agora ele depende de seus sentidos (tato, olfato, paladar). Note também que alimentar o corpo tem prioridade a fazer a vontade de Deus. Isaque, certa vez, deitara-se no altar e desejara morrer pelo Senhor. Que mudança!
b) A mãe duvidosa: Deus contou a Rebeca que Jacó receberia a bênção de Deus, contudo ela planejou e tramou o recebimento da herança a fim de certificar-se de que Esaú seria deixado de lado. Ela pagou caro por seu pecado: nunca mais viu seu filho (veja vv.43-45). Esaú agiu deliberadamente para magoá-la, e o mau exemplo que deu Jacó custou a ele vinte anos de provações.
c) O filho enganador: Jacó é o retrato perfeito do hipócrita: sua voz e mãos não concordam (o que ele diz é diferente do que faz), ele engana os outros. “Sabei que o vosso pecado vos há de achar” (Nm 32:23).
d) O irmão desesperado: O pecado em família sempre traz sofrimento e mal-entendido. Se Isaque e Rebeca não “tomassem partido” em relação a seus dois filhos; se continuassem a orar a respeito dos assuntos como faziam no início do casamento; se eles permitissem que Deus fizesse as coisas da Sua maneira, os acontecimentos teriam sido diferentes.
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